A rebeldia de estudantes
Em setembro de 1975, quando se aproximava a formatura da nossa turma, por sinal uma turma numerosa de formando da Engenharia Civil, Mecânica e Elétrica, as únicas três que haviam naquela época, fomos convidados pelos membros do Diretório Acadêmico das Engenharias, para uma reunião no dia 29/08/1975, em um salão de um restaurante situado na Avenida Rio Branco, quase em frente da Catedral Diocesana de Santa Maria, para tratar de assuntos pertinentes as festividades de nossa formatura, inclusive da escolha dos professores homenageados. Lá comparecemos, na hora prevista e a Reunião foi iniciada com a liderança de um grupo que pretendia conduzir a referida reunião. Logo foram colocadas algumas propostas que não eram esperadas pela maioria que logo percebeu que havia algo errado no ar, mas como todos éramos colegas, houve um respeito absoluto e a reunião prosseguiu até seu final, mas o resultado trouxe consequências demonstradas pela rebeldia de um grupo que liderou a reunião. O resumo da história foi publicado no jornal A Razão dos dias 02 e 03/12/1975, postado aqui neste Site.
Institui em caráter permanente, a "Operação Mauá" (OPEMA), e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 83, item II, da Constituição, DECRETA:
Art. 1º. Fica instituida em caráter permanente, a Operação Mauá (OPEMA), com sede provisória na cidade do Rio de Janeiro, diretamente subordinada ao Ministério dos Transportes, com finalidade de integrar universitários na problemática dos transportes, através de estágios que lhe facultem o treinamento e a pesquisa dentro das técnicas em uso nos diferentes centro do País.
(continua o decreto)
CONVITE PARA A VIAGEM DA OPEMA
No início de 1972, eu, Helio João Belinazo, estava gozando as merecidas férias do trabalho e da escola, feliz pois já havia concluído o primeiro ano do Curso de Engenharia e, paralelamente o sexto ano como funcionário do SPO/UFSM, além de cuidar de minha família, que era tudo o que eu queria, pois o meu sonho se havia tornado realidade. Estava trabalhando e estudando, coisa que sempre desejei. Mas na realidade, a situação estava ficando um tanto difícil, pois conciliar família, o trabalho e os estudos ficavam cada vez mais complicado, mas os dias se sucediam e eu encarava a vida com muito otimismo, pensava que mais tarde poderia ser um engenheiro.
Foi naquele otimismo que recebi um recado do saudoso acadêmico Alceu Mainardi, Presidente do Centro Acadêmico dos Cursos de Engenharia (DACTEC). O bilhete dizia que eu havia sido selecionado, junto com mais dois colegas da UFSM, o Júlio Rasquim e o Luiz Alberto de Oliveira, para participar de uma viagem de estudos, juntamente com outros colegas dos demais cursos de Engenharia do Estado do Rio Grande do Sul, pela Operação Mauá, que era um programa patrocinado pelo Ministério dos Transportes para alunos dos Cursos de Engenharia.
Obs. A intenção destas viagens era para integrar os alunos no desenvolvimento de novas tecnologias, principalmente, na área dos transportes rodoviários, ferroviários, marítimos e aéreos do país, aos alunos de Engenharia.
Fomos convocados para participar de uma reunião no Diretório Acadêmico e na ocasião o nosso presidente do Diretório fez recomendações necessárias para bem representar a nossa Instituição entre outras informações e, foi solicitado a cada participante fizesse um relatório sobre a viagem que deveria ser apresentado no retorno.
A foto acima foi tirada nos hangares da EMBRAER onde vimos a montagem do primeiro avião IPANEMA, fabricado especialmente para operar na agricultura.
Esta Calculadora é similar àquela descrita, extraída de um Site de equipamentos eletrônicos antigos.
As Calculadoras Eletrônicas, modelo básico, aportaram no ano de 1973, quando cursávamos o terceiro ano dos Cursos de Engenharia. Eram instrumentos eletrônicos bastante simples e executavam somente as quatro operações matemáticas.
A notícia era boa e foi muito bem recebida, mas trouxe uma grande dificuldade. O elevado custo de aquisição, tornava economicamente inviável a compra das calculadoras eletrônicas para a maioria dos integrantes da Turma. Alguns colegas adquiriram, outros não puderam fazer isso ao longo do terceiro ano, mas em seguida o uso da calculadora se popularizou e o custo de aquisição baixou e um grupo de colegas adotou a terceira via com uma solução inovadora e criativa.
Essa dificuldade, no entanto, talvez ensejou, para um grupo de colegas, a primeira oportunidade para o exercício da prática da negociação, atributo tão importante e necessário em qualquer profissão.
O grupo formado pelos colegas Egídio Vilani Comim, Germano Severo Dornelles Patta, Hélio João Bellinaso, Luiz Alberto Osório Castro, e outros que individualmente não poderiam adquirir uma calculadora eletrônica, se associaram em um consórcio, uma parceria, um condomínio com pagamentos parcelados em vários meses e adquiriram uma calculadora eletrônica Casio, passando usá-la de forma compartilhada, para facilitar seus estudos paralelos, fora de sala de aula e, considerando que elas não dispunham de memória, não havia possibilidade de armazenar resultados, por isso era permitido o compartilhamento do uso em aulas, mesmo em dias de prova, principalmente aquelas das disciplinas, onde havia necessidade de muitos cálculos repetitivos.
Para os participantes do grupo ficou demonstrado o coleguismo e a amizade, num legado de uma parceria celebrada em momento de dificuldade, atributos que fortificaram e enobreceram a formação profissional.